quinta-feira, 29 de março de 2018

Jogos sintáticos criados pelos alunos

        O uso de jogos em sala de aula não é uma novidade. Sendo manuais ou virtuais, eles são de grande contribuição para um ensino eficaz e de qualidade ao proporcionarem um momento de aprendizagem lúdico e interativo.
           Pensando nesse contexto, por que não incentivar a criação de jogos pelos próprios alunos? 
     Através de orientações durante as aulas de Língua Portuguesa, os alunos criaram jogos relacionados a diferentes conteúdos trabalhados no bimestre, como transitividade verbal, crase, colocação pronominal e regência. 
        Durante a criação e participação nos jogos elaborados pelos colegas, os alunos aprenderam e relembraram conceitos de forma prática, além de exercitarem o trabalho em equipe, a solidariedade e o respeito ao próximo.

Colégio Teresiano
2ª série do Ensino Médio






























segunda-feira, 19 de março de 2018

Gincana verbal

Sabemos que, para se classificar um verbo quanto à sua transitividade, é necessário analisar o contexto no qual está inserindo. Pensando nisso, foi criada a "Gincana verbal". Nela, os alunos deveriam encontrar diferentes tipos de verbos em um tempo pré-determinado, adquirindo agilidade no processo de identificação e classificação dos mesmos.

Colégio Teresiano
2ª série do Ensino Médio







sexta-feira, 9 de março de 2018

Pronome ao alvo, Morto-vivo da Crase e Desvendando Enigmas

Após estudarmos, em sala de aula, as normas de colocação pronominal, os casos de ocorrência da crase e as regências nominal e verbal, os alunos participaram de três jogos com esses conteúdos: Pronome ao Alvo, Morto-vivo da Crase e Desvendando Enigmas. No primeiro, os alunos criaram frases com a colocação pronominal adequada à norma padrão segundo a cor indicada no alvo: próclise (azul), ênclise (amarelo) ou mesóclise (vermelho). No jogo Morto-vivo da Crase, os alunos precisaram analisar frases lidas por um colega e decidir, rapidamente, se havia a ocorrência de crase (morto) ou não (vivo). E, para relembrar a regência de diferentes nomes e verbos, foram desvendados enigmas através do uso de palavras que costumam gerar dúvidas quanto à regência.
Durante todos os jogos, os alunos puderam utilizar o livro como fonte de consulta, além de tirar dúvidas com os colegas e a professora.

Colégio Teresiano
2ª série do Ensino Médio














quinta-feira, 8 de março de 2018

Regência nominal e verbal, crase e colocação pronominal - Questões de vestibular

1. (Enem PPL 2012) A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos, Esses pronomes podem assumir três posições na oração em relação ao verbo. Próclise, quando o pronome é colocado antes do verbo, devido a partículas atrativas, como o pronome relativo. Ênclise, quando o pronome é colocado depois do verbo, o que acontece quando este estiver no imperativo afirmativo ou no infinitivo impessoal regido da preposição “a” ou quando o verbo estiver no gerúndio. Mesóclise, usada quando o verbo estiver flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito.

A mesóclise é um tipo de colocação pronominal raro no uso coloquial da língua portuguesa. No entanto, ainda é encontrada em contextos mais formais, como se observa em:  
a) Não lhe negou que era um improviso.    
b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas.    
c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance.    
d) Referia-se à D. Evarista ou tê-la-ia encontrado em algum outro autor?
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao serviço imediatamente.   
  
  
2. (Enem 2011) 

O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da língua, esse uso é inadequado, pois
a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.   
b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.   
c) gera inadequação na concordância com o verbo.   
d) gera ambiguidade na leitura do texto.   
e) apresenta dupla marcação de sujeito.   
  
3. (Uerj 2012) 
Ele está cansado, é quase meia-noite, e pode afinal voltar para casa. (...). No edifício da esquina, o mesmo cachorro de focinho enterrado na lata de lixo. Ao passar sob as árvores, ao menor arrepio do vento, gotas borrifam-lhe o rosto, que ele não se incomoda de enxugar.
Ao mexer no portão, o cachorrinho late duas vezes – estou aqui, meu velho – e, 1por mais que saltite ao seu lado, procurando alcançar-lhe a mão, ele não o agrada. (...)
Prevenido, desvia-se do aquário sobre o piano: o peixinho dourado conhece os seus passos e de puro exibicionismo entrega-se às mais loucas evoluções.
Ele respira fundo e, cabisbaixo, entra no quarto. 2A mulher, sentada na cama, a folhear sempre uma revista (é a mesma revista antiga), olha para ele, mas ele não a olha.
No banheiro, veste em surdina o pijama e, ao lavar as mãos, recolhe da pia os longos cabelos alheios. Escova de leve os dentes, sem evitar que sangrem as gengivas.
DALTON TREVISAN. A guerra conjugal. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

Nos trechos transcritos a seguir, estão sublinhados dois verbos que podem ser usados com variação da regência: transitivo direto ou transitivo indireto. A variação da regência altera o sentido do verbo “agradar”: fazer agrados ou ser agradável. Já o verbo “olhar” expressa o mesmo sentido nos dois casos.

por mais que saltite ao seu lado, procurando alcançar-lhe a mão, ele não o agrada. (ref.1)
A mulher, sentada na cama, (...) olha para ele, mas ele não a olha. (ref. 2)

Identifique, no primeiro trecho, a regência do verbo “agradar” e o sentido em que ele foi empregado.
Em seguida, reescreva o segundo trecho, variando a regência do verbo “olhar” em cada ocorrência.


 4. (Uerj 2014) 
Diálogo da relativa grandeza
Sentado no monte de lenha, as pernas abertas, os cotovelos nos joelhos, Doril examinava um louva-deus pousado nas costas da mão. Entretido com o louva-deus, Doril não viu Diana chegar comendo um marmelo, fruta azeda enjoada que só serve para ranger os dentes.
Era difícil tapar a boca de Diana, ô menina renitente. Ele preferiu continuar olhando o louva-deus. Soprou-o de leve, ele encolheu-se e vergou o corpo para o lado do sopro, como faz uma pessoa na ventania. O louva-deus estava no meio de uma tempestade de vento, dessas que derrubam árvores e arrancam telhados e podem até levantar uma pessoa do chão. Doril era a força que mandava a tempestade e que podia pará-la quando quisesse. Então ele era Deus? Será que as nossas tempestades também são brincadeira? Será que quem manda elas olha para nós como Doril estava olhando para o louva-deus? Será que somos pequenos para ele como um gafanhoto é pequeno para nós, ou menores ainda? De que tamanho, comparando – do de formiga? De piolho de galinha? Qual será o nosso tamanho mesmo, verdadeiro?
José J. Veiga. A máquina extraviada. Rio de Janeiro: Editora Prelo, 1968.

Observe que, nos fragmentos abaixo, os pronomes o e elas desempenham a mesma função sintática: objeto direto.

a) Soprou-o de leve, ele encolheu-se e vergou o corpo para o lado do sopro, como faz uma pessoa na ventania.
b) Será que quem manda elas olha para nós como Doril estava olhando para o louva-deus?

Explique a diferença de formas entre os pronomes, com base na diversidade de usos da língua.

Reescreva integralmente cada construção sublinhada, de modo que o item a passe a ter a forma característica de b, e b passe a ter a forma característica de a.


5. (Fgv 2017)
Duzentos dos que gozam da mesma cidadania que ela e quase o mesmo número dos que gozam da mesma que eu figuram entre os oitocentos mortos no naufrágio de 18 de abril de 2015 na costa da Sicília. Muitos são aqueles de quem já não se fala mais, aqueles dos quais nunca se falará, jogados nas fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.
Seu filho único, um dia, partiu para a Europa com 89 outros jovens de Thiaroye (Senegal) a bordo de uma embarcação que o mar engoliu. Nós nos encontramos porque, no meu país, outras mães de migrantes desaparecidos que não querem esquecer nem baixar os braços me interpelaram: “Não vimos de novo nossos filhos nem vivos nem mortos. O mar os matou. Por quê?” Elas também não sabiam nada sobre esse mar assassino, já que nosso país não tem litoral.
Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste profundo momento de acolhimento e de partilha que foi o “Círculo do Silêncio” que organizamos juntas no Fórum Social Mundial (FSM) de Dacar, em fevereiro de 2011.
Aminata D. Traoré. “São nossas crianças”. Em: Le Monde Diplomatique Brasil, setembro de 2016. Adaptado.

Observe a colocação dos pronomes destacados nas passagens:

- “Muitos são aqueles de quem já não se fala mais, aqueles dos quais nunca se falará, jogados nas fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.” (1º parágrafo)
- “Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste profundo momento de acolhimento e de partilha…” (último parágrafo)

Comente, segundo os princípios da norma-padrão, a colocação desses pronomes nos respectivos contextos.  


6. (Pucrj 2017) 
Os filósofos chineses viam a realidade, a cuja essência primária chamaram tao, como um processo de contínuo fluxo e mudança. Na concepção chinesa, todas as manifestações do tao são geradas pela interação dinâmica desses dois polos arquetípicos, os quais estão associados a numerosas imagens de opostos colhidas na natureza e na vida social. É importante, e muito difícil para nós, ocidentais, entender que esses opostos não pertencem a diferentes categorias, mas são polos extremos de um único todo. Nada é apenas yin ou apenas yang. Todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação entre os dois polos; todas as transições ocorrem gradualmente e numa progressão ininterrupta. A ordem natural é de equilíbrio dinâmico entre o yin e o yang.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix. 1982. Tradução de Álvaro Cabral, pp. 32-33.

Reescreva o trecho “Os opostos não pertencem a diferentes categorias.”, substituindo o verbo “pertencer” por “derivar”. Faça as modificações necessárias.


7. (Pucrj 2016) 
 Ética
A palavra “ética” vem do grego ethos, tal como “moral” vem do latim mores. Sintomaticamente, tanto ethos como mores significam costumes.
De acordo com essa significação original, as normas de conduta e a definição do que era certo e do que era errado eram impostas aos indivíduos pela comunidade, e os indivíduos as aceitavam (tendiam a concordar com o castigo, quando as infringiam).
Desse modo, podemos dizer que, num tempo muito antigo, os seres humanos já conheciam valores. E podemos dizer mais: esses valores, embutidos nas normas de conduta, eram inculcados nos indivíduos pelo grupo. A comunidade precedia a individualidade.
Texto modificado de KONDER, Leandro. Ética. In: YUNES, Eliana & BINGEMER, M. Clara Lucchetti. Virtudes. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001. pp. 86-87.

Comente as mudanças estruturais e semânticas decorrentes do emprego das preposições nas frases abaixo:
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética.
  

8. (Pucrj 2014)  
Numa versão apócrifa da Odisseia, Lion Feuchtwanger propôs que os marinheiros enfeitiçados por Circe e transformados em porcos gostaram de sua nova condição e resistiram desesperadamente aos esforços de Ulisses para quebrar o encanto e trazê-los de volta à forma humana. Quando informados por Ulisses de que ele tinha encontrado as ervas mágicas capazes de desfazer a maldição e de que logo seriam humanos novamente, fugiram numa velocidade que seu zeloso salvador não pôde acompanhar.
Texto adaptado de BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. p.25.

Reescreva a frase a seguir, substituindo gostar por conformar-se e esforços por batalha.

"Os marinheiros transformados em porcos gostaram de sua nova condição e resistiram desesperadamente aos esforços de Ulisses para quebrar o encanto de Circe."


______________________________________________


GABARITO

01. D

02. B

03. No primeiro trecho, o verbo "agradar" é transitivo direto e traz o sentido de fazer carícias.
      A mulher, sentada na cama, o olha, mas ele não olha para ela.

04. Na letra a), o uso do pronome átono após o verbo (ênclise) está de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
      Na letra b), há um uso informal/coloquial da linguagem, pois é utilizado um pronome pessoal do caso reto como objeto direto do verbo "mandar", o que não é recomendado pela norma padrão.
Soprou ele de leve.
Será que quem as manda.

05. No primeiro trecho, todos os casos de próclise estão de acordo com a norma padrão da língua portuguesa por conter, antes dos verbos, fatores de próclise (palavras negativas e pronome relativo). No segundo trecho, há um uso informal da linguagem, visto que, segundo a norma padrão, não se deve iniciar orações com pronome oblíquo, sendo obrigatória a ênclise nesses casos.

06. Os opostos não derivam de diferentes categorias.

07. Na primeira frase, "da vida ética" exerce a função sintática de adjunto adnominal e traz o sentido de pertencimento. Já na segunda frase, "à vida ética" exerce a função de complemento nominal e traz o sentido de alvo.

08. Os marinheiros transformados em porcos conformaram-se com sua nova condição e resistiram desesperadamente à batalha de Ulisses para quebrar o encanto de Circe.




segunda-feira, 5 de março de 2018

Processos de formação de palavras

1. (Enem PPL 2012)  Devemos dar apoio emocional específico, trabalhando o sentimento de culpa que as mães têm de infectar o filho. O principal problema que vivenciamos é quanto ao aleitamento materno. Além do sentimento muito forte manifestado pelas gestantes de amamentar seus filhos, existem as cobranças da família, que exige explicações pela recusa em amamentar, sem falar nas companheiras na maternidade que estão amamentando. Esses conflitos constituem nosso maior desafio. Assim, criamos a técnica de mamadeirar. O que é isso? É substituir o seio materno por amor, oferecendo a mamadeira, e não o peito!
 PADOIN, S. M. M. et al. (Org.) Experiências interdisciplinares em Aids: interfaces de uma epidemia. Santa Maria: UFSM, 2006 (adaptado).
O texto é o relato de uma enfermeira no cuidado de gestantes e mães soropositivas. Nesse relato, em meio ao drama de mães que não devem amamentar seus recém-nascidos, observa-se um recurso da língua portuguesa, presente no uso da palavra “mamadeirar”, que consiste  
a) na manifestação do preconceito linguístico.    
b) na recorrência a um neologismo.    
c) no registro coloquial da linguagem.    
d) na expressividade da ambiguidade lexical.    
e) na contribuição da justaposição na formação de palavras.   
  
2. (Enem 2015)  TEXTO I
Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
TEXTO II
Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, dai as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Formula 1.
GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago, 2012.

Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete
a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.   
b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras.   
c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos.   
d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos neologismos.   
e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego.   
  
3. (Enem PPL 2012) 
Agora eu era herói
E o meu cavalo só falava inglês.
A noiva do cowboy
Era você, além das outras três.
Eu enfrentava os batalhões,
Os alemães e seus canhões.
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês. 
           CHICO DUARQUE. João e Maria, 1977 (fragmento).

Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata- se que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a influência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas palavras constituem evidências de 
a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de habitantes de uma determinada região.    
b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de uma palavra oriunda de outra língua.    
c) jargão profissional, ao evocar a linguagem de uma área específica do conhecimento humano.    
d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos da história da língua.    
e) estrangeirismo, que significa a inserção de termos de outras comunidades linguísticas no português.  
  
4. (Enem 2010)  Carnavália
 Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por
mim?
                               ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e a situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a)
a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.   
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.   
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.   
d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.   
e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.   

O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.
"Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava Ieite em garrafa, na leiteira da esquina? (...)
Mas vocês não se lembram de nada, pô? Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite - leite em pacote, imagina, Tereza! - na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite?  No dicionário diz que leite é outra coisa: 'Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais'. Um alimento pra ninguém botar defeito.  O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!"
(FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)

5. (Enem 2000)  A palavra embromatologia usada pelo autor é:
a) um termo científico que significa estudo dos bromatos.   
b) uma composição do termo de gíria "embromação" (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos alimentos.   
c) uma junção do termo de gíria "embromação" (enganação) com lactologia, que é o estudo das embalagens para leite.   
d) um neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos laticínios.   
e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.   

Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Essa invenção é uma espécie de vício de arquitetura, pois não há infinito sem linha do horizonte. A verdade é que a vida tem fome de fronteiras. Porque essas fronteiras da natureza não servem apenas para fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades vivas e permeáveis. São fronteiras feitas para, ao mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-se por turnos.
Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece no mundo das aves. É o caso do nosso tucano, o tucano africano, que fabrica o ninho a partir do oco de uma árvore. Nesse vão, a fêmea se empareda literalmente, erguendo, ela e o macho, um tapume de barro. Essa parede tem apenas um pequeno orifício, ele é a única janela aberta sobre o mundo. Naquele cárcere escuro, a fêmea arranca as próprias penas para preparar o ninho das futuras crias. Se quisesse desistir da empreitada, ela morreria, sem possibilidade de voar. Mesmo neste caso de consentida clausura, a divisória foi inventada para ser negada.
Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi um buraco. Erguemos paredes inteiras como se fôssemos tucanos cegos. De um e do outro lado há sempre algo que morre, truncado do seu lado gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos do Outro e do Estranho como se fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo da mudança, medo da desordem, medo da complexidade. Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), que foi construído em permanente mudança, no meio do caos e do imprevisível.
MIA COUTO. Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.

6. (Uerj 2017)  Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), (ref. 7)

Nesse trecho, o conteúdo entre parênteses propõe uma reformulação da palavra universo, em função da argumentação feita pelo autor.
Essa reformulação explora o seguinte recurso:
a) contraste de morfemas de sentidos distintos   
b) citação de neologismos de valor polissêmico   
c) comparação de conceitos relacionados ao tema   
d) enumeração de sinônimos possíveis no contexto   

- UAI, EU?
 1             Se o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'água. No engano sem desengano: o de aprender prático o desfeitio da vida.
2             Sorte? A gente vai - nos passos da história que vem. Quem quer viver faz mágica. Ainda mais eu, que sempre fui arrimo de pai bêbado. Só que isso se deu, o que quando, deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah, meus bons maus-tempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Mimoso.
3             Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama - olh'alegre, justo, inteligentudo - de calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor, lençol e colcha, bom mesmo quando com dor-de-cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando chefe os solertes preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro. Muito mediante fortes cálculos, imaginado de ladino, só se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela - prontos para qualquer aurora.
 (ROSA, João Guimarães. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)

7. (Uerj 2000)  A obra de Guimarães Rosa, citado como grande renovador da expressão literária, é também reconhecida pela contribuição linguística, devido à utilização de termos regionais, palavras novas, não-dicionarizadas, o que chamamos NEOLOGISMOS, especialmente para expressar situações ou opiniões de seus personagens.

a) Retire do primeiro parágrafo um exemplo de neologismo e explique, em uma frase completa, o seu sentido no texto.

b) Compare o adjetivo "inteligentudo" (par. 2) com "barbudo", "barrigudo", "sortudo".  Escreva duas formas da língua padrão - a primeira com duas palavras; a segunda com uma palavra - que equivalem semanticamente ao neologismo "inteligentudo".

CORDÕES
Oh! abre ala! / Que eu quero passá       
                A rua convulsionava-se como se fosse fender, rebentar de luxúria e de barulho. A atmosfera pesava como chumbo. No alto, arcos de gás besuntavam de uma luz de açafrão as fachadas dos prédios. Nos estabelecimentos comerciais, nas redações dos jornais, as lâmpadas elétricas despejavam sobre a multidão uma luz ácida e galvânica, que 2enlividescia e parecia convulsionar os movimentos da turba, sob o panejamento multicolor das bandeiras que adejavam sob o esfarelar constante dos "confetti", que, como um irisamento do ar, caíam, voavam, rodopiavam. (...) Serpentinas riscavam o ar; homens passavam empapados d'água, cheios de confetti; mulheres de chapéu de papel curvavam as nucas à etila dos lança-perfumes, frases rugiam cabeludas, entre gargalhadas, risos, berros, uivos, guinchos. Um cheiro estranho, misto de perfume barato, poeira, álcool, aquecia ainda mais o baixo instinto de promiscuidade. A rua personalizava-se, tornava-se uma e parecia, toda ela policromada de serpentinas e confetti, arlequinar o pincho da loucura e do deboche. Nós íamos indo, eu e o meu amigo, nesse 1pandemônio. Atrás de nós, sem colarinho, de pijama, bufando, um grupo de rapazes acadêmicos, futuros diplomatas e futuras glórias nacionais, berrava furioso a cantiga do dia, essas cantigas que só aparecem no Carnaval: Há duas coisa/ Que me faz chorá/ É nó nas tripa /E bataião navá!
RIO, João do. A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

8. (Uerj 1999)  Observe a formação dos seguintes vocábulos do texto:

"panejamento" (derivado de "pano"), "irisamento" (derivado de "íris"), "arlequinar" (derivado de "arlequim") e "pandemônio" (composto de pan + demônio), neologismo criado por Milton, poeta inglês do século XVII, no seu livro O PARAÍSO PERDIDO, para designar o palácio de Satã.

A partir desses exemplos, explique, em até duas frases completas:

a)       o emprego conotativo da palavra "pandemônio" ( ref. 1) e indique o sentido do morfema "pan-";


     b) como se forma o vocábulo "enlividescia" ( ref. 2) e qual a sua classificação quanto ao processo de formação.

O FUTURO ERA LINDO
2Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados em megahipercorporações norte-americanas como o Google, que iriam destruir para sempre tantas indústrias e atividades em tão pouco tempo. Ninguém previu que os mesmos Estados Unidos, graças às maravilhas da internet sempre tão aberta e juvenil, se consolidariam como os maiores espiões do mundo, humilhando potências como a Alemanha e também o Brasil, impondo os métodos de sua inteligência militar sobre a população mundial, e guiando ao arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez em matemática mas ignorantes completos em matéria de ética, política e em boas maneiras.
Marion Strecker. Adaptado de Folha de São Paulo, 29/07/2014.

09. (Uerj 2016)  O termo megahipercorporações é formado por um processo que enfatiza o tamanho e o poder das corporações econômicas atuais. Essa ênfase é produzida pelo emprego de:
a) sufixos de caráter aumentativo   
b) prefixos com sentido semelhante   
c) radicais de combinação obrigatória   
d) desinências de significado específico   

Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutum. No meio dos Campos Gerais, mas num 1covoão em trecho de matas, terra preta, pé de serra. Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de ter de viver ali.
Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que o homem tinha falado – que o Mutum era lugar bonito... A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a ideia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o febril até nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela revelação.
GUIMARÃES ROSA. Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
ref. 1: covoão – baixada estreita e profunda

10. (Uerj 2009)  Guimarães Rosa se caracteriza pela linguagem instigante que encanta e desconcerta, permitindo ao leitor familiarizar-se com o potencial criativo da Língua Portuguesa. Observe o fragmento do texto:
“Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar;”
Aponte o significado do prefixo da palavra sublinhada e explicite, em uma frase completa, o sentido dessa palavra.

PALAVRAS
"Veio me dizer que eu desestruturo a linguagem. Eu desestruturo a linguagem? Vejamos: eu estou bem sentado num lugar. Vem uma palavra e tira o lugar de debaixo de mim. Tira o lugar em que eu estava sentado. Eu não fazia nada para que a palavra me desalojasse daquele lugar. E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém. Ao retirar de debaixo de mim o lugar, eu desaprumei. Ali só havia um grilo com a sua flauta de couro. O grilo feridava o silêncio. Os moradores do lugar se queixavam do grilo. Veio uma palavra e retirou o grilo da flauta. Agora eu pergunto: quem desestruturou a linguagem? Fui eu ou foram as palavras? E o lugar que retiraram de debaixo de mim? Não era para terem retirado a mim do lugar? Foram as palavras pois que desestruturaram a linguagem. E não eu."
(BARROS, Manoel de. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Record, 2000.)

11. (Uerj 2001)  O prefixo "des" aparece seis vezes no poema: "desestruturo", "desestruturo", "desalojasse" "desaprumei", "desestruturou", "desestruturaram".  Reforça-se, assim, a noção de que a poesia mais desestabiliza significados cristalizados e cria novos do que comunica alguma mensagem do poeta para o leitor.
A frase de Manoel de Barros que melhor exemplifica essa desestabilização é:
 a) "E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém!"   
b) "O grilo feridava o silêncio"   
c) "Fui eu ou foram as palavras?"   
d) "Não era para terem retirado a mim do lugar?"   


                 Sempre que se agita esta questão das "reivindicações", escovam-se os velhos chavões, e, com um grande ar de importância, os 1filósofos decidem sem apelação que a mulher não pode ser mais do que o anjo do lar, a vestal encarregada de vigiar o fogo sagrado, a 2depositária das tradições da família... e das chaves da despensa. Todo esse dispêndio de palavras 3inúteis serve apenas para encobrir a 4fealdade da única razão séria que podemos apresentar contra as pretensões das mulheres: o nosso egoísmo, o receio que temos de que nos despojem das nossas prerrogativas seculares - o medo de perder as posições, as regalias, as honras que o preconceito bárbaro confiou exclusivamente ao nosso século. Compreende-se: quem se habituou a empunhar o bastão do comando não se resigna facilmente a passá-lo a outras mãos: é mais fácil deixar a vida do que deixar o poder.
 (BILAC, Olavo. VOSSA INSOLÊNCIA. São Paulo: Cia. das Letras, 1997, p. 313.)

12. (Uerj 1998)  A palavra extraída do texto, cuja constituição mórfica está explicada corretamente, é:
a) "filósofos" (ref. 1) = é formada por parassíntese   
b) "depositária" (ref. 2) = é composta por aglutinação   
c) "inúteis" (ref.3) = tem prefixo de sentido negativo   
d) "fealdade" (ref. 4) = tem sufixo diminutivo  


 A CORRIDA DO OURO
Duzentos anos de buscas foram necessários para que os portugueses chegassem ao ouro de sua América. O brilho do metal, como o canto da sereia, tornou-os surdos a qualquer apelo contrário que não fosse o da ambição pelo ouro e pela prata, tornando-os insensíveis a qualquer consideração humana no "trabalho" de 1submetimento do indígena, até o seu extermínio ou à redução, dos que sobreviveram, à condição de servos ou escravos nas fainas da mineração.
 (MENDES Jr., A., RONCARI, L. e MARANHÃO, R. Brasil história: texto e consulta. São Paulo. Brasiliense, 1979.)

13. (Uerj 2005)  Palavras e segmentos diversos do texto podem ser expressos de outras formas graças à utilização dos recursos gramaticais da língua, como os processos de derivação prefixal e sufixal e a variação das estruturas sintáticas.

a)       No final do primeiro parágrafo encontra-se o substantivo derivado "submetimento" (ref. 1). Cite um sinônimo deste substantivo, derivado por meio de outro sufixo, e indique o verbo do qual ambos derivam.

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GABARITO

01. B

02. A

03. E

04. B

05. B

06. A

07. a) "desfeitio". Na expressão "o desfeitio da vida", pode-se ressaltar o sentido de que a vida não tem feição ou configuração certa.

      b) Uma dentre as formas:
. muito inteligente
. bastante inteligente
. bem inteligente
. deveras inteligente
. assaz inteligente

Inteligentíssimo

08. a) A palavra "pandemônio " significa, no texto, "confusão", "gritaria" - algo típico do carnaval de rua. O morfema "pan" significa "todos", "totalidade".


            b) É formado a partir da palavra "lívido", com o prefixo "en-" e o sufixo "escer", por  derivação parassintética (ou parassíntese).


09. B

10. Por meio da leitura da passagem em que a palavra insofria se insere, pode-se perceber que o menino está sofrendo, há um sentimento dentro dele que provoca dor. Não quer mostrá-lo à mãe. Assim, é o prefixo latino in, significando "movimento para dentro", que confere a essa criação neológica o seu sentido. Apesar do prefixo in usualmente significar "negação", "contrário", não é o que ocorre na palavra em questão.

11. B

12. C

13. a) Submissão. Verbo submeter.

      b) que convinham bastante a seus propósitos