Leia o texto abaixo e responda às questões a seguir:
Chespirito, o homem que descobriu como fazer um
continente inteiro sorrir
Por Elder Dias
Quando,
no fim da tarde da sexta-feira, 28 de dezembro de 2014, a morte do mexicano
Roberto Gómez Bolaños foi anunciada, pensaram que era outra piada envolvendo
Chespirito. O ícone da comédia latino-americana já tinha sido alvo de inúmeros
alarmes falsos da mesma notícia, mas desta vez não era mais uma pegadinha:
havia procedências. O ator, roteirista e diretor morreu em sua casa, na
turística Cancún, onde ultimamente ficava na cama praticamente 24 horas por
dia, em um estado de saúde já decadente.
Chespirito
criou um mundo inteiro dentro de um cortiço. A famosa vila do seriado
comportava sentimentos universais que seus personagens despejavam em quem
assistia a cada capítulo. Era um discurso fácil, leve, por vezes erroneamente
confundido com raso. Se fosse assim, não duraria 40 anos. A profundidade do
personagem que morava dentro do barril envolvia algo do inconsciente dos
habitantes de uma América Latina sofrida. Em poucos anos, a turma da vila se
afamava em toda a terra que falava espanhol do México abaixo.
Pela
figura simbólica que representava, a morte de Chespirito parou o México. Nos
sites dos principais jornais mexicanos, inclusive os de esportes, a capa era a
mesma: Bolaños e seus personagens, Chaves e seus vizinhos, Chapolin e seus
adversários. A rede Televisa dedicou-lhe toda a programação a partir do momento
de sua morte — à semelhança do que ocorre também no Brasil com personalidades
de extrema repercussão. O presidente do México, Enrique Peña Nieto, postou em
sua conta no Twitter, imediatamente após saber da morte do criador de Chaves:
“Lamento profundamente o falecimento de dom Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito.
Minhas condolências a sua família. O México perdeu um ícone, cujo trabalho
transcendeu gerações e fronteiras.”
Não
há exagero em fazer uma ponte entre Charles Chaplin e Chespirito — alcunha
equivalente a “pequeno Shakespeare”, dada pelo cineasta Agustín P. Delgado, em
referência a sua pequena estatura (1,60 metro) e em alusão também ao enorme
talento. Assim como Chico Anysio deve ser reverenciado no Brasil como um grande
criador de memoráveis personagens (mais de 160), Bolaños representa algo nesses
moldes — em maior escala, pelo alcance que conseguiu obter — para o mundo
hispânico.
O Carlitos de Chaplin era uma espécie
de anti-herói, um palhaço que dispersava densidade dentro de um humor que
resvalava a melancolia. Chaves e Chapolin seguiam, de certa forma, essa
receita: “El Chavo del Ocho”, o garoto do barril era o retrato irônico de uma
infância perdida, mas que não se rendia; e o herói trapalhão vestido de
vermelho com antenas e uma marreta satirizava o modelo que os vizinhos
norte-americanos sempre tentaram impor, como instrumentação acessória de
ideologia, principalmente no auge da guerra fria. Em Chaves e Chapolin, bem
como em todas as criações de Chespirito, não havia nada de messiânico: tudo
exalava sempre a fragrância mais genuína do ser humano.
Por
ser tão próxima da realidade, a vila de Chaves guarda um contraponto com o
ideal que se busca na cinematografia: cenários perfeitos, limpos, assépticos.
No universo do protagonista se desenvolvia o caos, a ponto de ele ter
preferência por viver dentro de um barril e sobreviver de migalhas e ingênuas
malandragens; tinha um amiguinho mimado (Kiko) com uma mãe que era viúva
histérica (Dona Florinda) e que vivia um romance água-com-açúcar com um
professor canastrão (Jirafales); no outro barraco, um eterno desempregado (Seu
Madruga), também viúvo, que criava uma menina esperta e geniosa (Chiquinha) e
arranjava todas as formas para burlar o pagamento do aluguel ao dono do cortiço
(Senhor Barriga); a última casa era o espaço do imponderável, o mágico e o
assustador, na pele da Srta. Clotilde, a Bruxa do 71.
Um
mundo ao mesmo tempo fantástico e tangível, em que habitavam os absurdos, mas
também as esperanças. Chespirito conseguiu traduzir, num set precário de um
estúdio de TV, as emoções, ironias e dramas que envolvem toda pessoa.
Disponível em:
http://www.jornalopcao.com.br/nteiro-sorrir-21941/
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03. Isso ocorre porque o sujeito é considerado composto por possuir mais de um núcleo, mesmo que todos possuam o mesmo referente (Roberto Bolaños).
04. O verbo “seguiam” está no plural por estabelecer concordância com o sujeito composto “Chaves e Chapolin”.
05. Essa afirmação sintetiza a simplicidade de Roberto Bolaños na criação e interpretação de seus personagens.
HABILIDADES BNCC
(EF04LP06) Identificar em textos e usar na produção textual a concordância entre substantivo ou pronome pessoal e verbo (concordância verbal).
(EF06LP06) Empregar, adequadamente, as regras de concordância nominal (relações entre os substantivos e seus determinantes) e as regras de concordância verbal (relações entre o verbo e o sujeito simples e composto).