segunda-feira, 5 de abril de 2021

Concordância verbal: sujeito composto (Exercícios)


Leia o texto abaixo e responda às questões a seguir:

 

Chespirito, o homem que descobriu como fazer um continente inteiro sorrir

Por Elder Dias

Quando, no fim da tarde da sexta-feira, 28 de dezembro de 2014, a morte do mexicano Roberto Gómez Bolaños foi anunciada, pensaram que era outra piada envolvendo Chespirito. O ícone da comédia latino-americana já tinha sido alvo de inúmeros alarmes falsos da mesma notícia, mas desta vez não era mais uma pegadinha: havia procedências. O ator, roteirista e diretor morreu em sua casa, na turística Cancún, onde ultimamente ficava na cama praticamente 24 horas por dia, em um estado de saúde já decadente.

Chespirito criou um mundo inteiro dentro de um cortiço. A famosa vila do seriado comportava sentimentos universais que seus personagens despejavam em quem assistia a cada capítulo. Era um discurso fácil, leve, por vezes erroneamente confundido com raso. Se fosse assim, não duraria 40 anos. A profundidade do personagem que morava dentro do barril envolvia algo do inconsciente dos habitantes de uma América Latina sofrida. Em poucos anos, a turma da vila se afamava em toda a terra que falava espanhol do México abaixo.

Pela figura simbólica que representava, a morte de Chespirito parou o México. Nos sites dos principais jornais mexicanos, inclusive os de esportes, a capa era a mesma: Bolaños e seus personagens, Chaves e seus vizinhos, Chapolin e seus adversários. A rede Televisa dedicou-lhe toda a programação a partir do momento de sua morte — à semelhança do que ocorre também no Brasil com personalidades de extrema repercussão. O presidente do México, Enrique Peña Nieto, postou em sua conta no Twitter, imediatamente após saber da morte do criador de Chaves: “Lamento profundamente o falecimento de dom Roberto Gómez Bolaños, o Ches­pirito. Minhas condolências a sua família. O México perdeu um ícone, cujo trabalho transcendeu gerações e fronteiras.”

Não há exagero em fazer uma ponte entre Charles Chaplin e Chespirito — alcunha equivalente a “pequeno Shakespeare”, dada pelo cineasta Agustín P. Delgado, em referência a sua pequena estatura (1,60 metro) e em alusão também ao enorme talento. Assim como Chico Anysio deve ser reverenciado no Brasil como um grande criador de memoráveis personagens (mais de 160), Bolaños representa algo nesses moldes — em maior escala, pelo alcance que conseguiu obter — para o mundo hispânico.

           O Carlitos de Chaplin era uma espécie de anti-herói, um palhaço que dispersava densidade dentro de um humor que resvalava a melancolia. Chaves e Chapolin seguiam, de certa forma, essa receita: “El Chavo del Ocho”, o garoto do barril era o retrato irônico de uma infância perdida, mas que não se rendia; e o herói trapalhão vestido de vermelho com antenas e uma marreta satirizava o modelo que os vizinhos norte-americanos sempre tentaram impor, como instrumentação acessória de ideologia, principalmente no auge da guerra fria. Em Chaves e Chapolin, bem como em todas as criações de Chespirito, não havia nada de messiânico: tudo exalava sempre a fragrância mais genuína do ser humano.

Por ser tão próxima da realidade, a vila de Chaves guarda um contraponto com o ideal que se busca na cinematografia: cenários perfeitos, limpos, assépticos. No universo do protagonista se desenvolvia o caos, a ponto de ele ter preferência por viver dentro de um barril e sobreviver de migalhas e ingênuas malandragens; tinha um amiguinho mimado (Kiko) com uma mãe que era viúva histérica (Dona Florinda) e que vivia um romance água-com-açúcar com um professor canastrão (Jirafales); no outro barraco, um eterno desempregado (Seu Madruga), também viúvo, que criava uma menina esperta e geniosa (Chiquinha) e arranjava todas as formas para burlar o pagamento do aluguel ao dono do cortiço (Senhor Barriga); a última casa era o espaço do imponderável, o mágico e o assustador, na pele da Srta. Clotilde, a Bruxa do 71.

Um mundo ao mesmo tempo fantástico e tangível, em que habitavam os absurdos, mas também as esperanças. Chespirito conseguiu traduzir, num set precário de um estúdio de TV, as emoções, ironias e dramas que envolvem toda pessoa.

Disponível em: http://www.jornalopcao.com.br/nteiro-sorrir-21941/

 

 01.   Identifique o sujeito do verbo destacado em “O ator, roteirista e diretor morreu em sua casa”.

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 02.   Costuma-se definir “núcleo” como a palavra “mais significativa” de um sintagma. Considerando a importância de Roberto Bolaños sinalizada pelo autor, indique o(s) núcleo(s) do sujeito identificado na questão anterior.

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 03.   Sabe-se que, geralmente, os processadores de texto tem um sistema de correção automática ou de sinalização de desvios ortográficos. Em orações como a sublinhada, é comum que se sugira o verbo no plural (“morreram”) como o adequado. Explique por que isso ocorre.

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 04.   Justifique o uso do plural no verbo destacado em:Chaves e Chapolin seguiam, de certa forma, essa receita”.

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 05.   A partir das informações presentes no texto, justifique a afirmativa de que “tudo exalava sempre a fragrância mais genuína do ser humano”, presente no 5º parágrafo.

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 GABARITO

 01.   O sujeito do verbo “morreu” é “O ator, roteirista e diretor”.

 02.   Os núcleos do sujeito são “ator”, “roteirista” e “diretor”.

03.   Isso ocorre porque o sujeito é considerado composto por possuir mais de um núcleo, mesmo que todos possuam o mesmo referente (Roberto Bolaños).

04.   O verbo “seguiam” está no plural por estabelecer concordância com o sujeito composto “Chaves e Chapolin”.

05.   Essa afirmação sintetiza a simplicidade de Roberto Bolaños na criação  e interpretação de seus personagens.



HABILIDADES BNCC

(EF04LP06) Identificar em textos e usar na produção textual a concordância entre substantivo ou pronome pessoal e verbo (concordância verbal).

(EF06LP06) Empregar, adequadamente, as regras de concordância nominal (relações entre os substantivos e seus determinantes) e as regras de concordância verbal (relações entre o verbo e o sujeito simples e composto).


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