a) na manifestação do
preconceito linguístico.
b) na recorrência a um neologismo.
c) no registro coloquial da linguagem.
d) na expressividade
da ambiguidade lexical.
e) na contribuição da justaposição na formação de palavras.
2. (Enem 2015) TEXTO I
Um ato de
criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a
palavra sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (=
corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam
itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então,
formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa.
São Paulo: Publifolha, 2008.
TEXTO II
Existe coisa mais
descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de
samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, dai as
palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a
escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se
desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Formula 1.
GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago, 2012.
Há nas línguas
mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de
valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa
palavra reflete
a) o dinamismo da língua na criação de novas
palavras.
b) uma nova realidade limitando o aparecimento
de novas palavras.
c) a apropriação inadequada de mecanismos de
criação de palavras por leigos.
d) o reconhecimento da impropriedade semântica
dos neologismos.
e) a restrição na produção de novas palavras
com o radical grego.
3. (Enem PPL 2012)
a) regionalismo, ao expressar a realidade
sociocultural de habitantes de uma determinada região.
b) neologismo, que se caracteriza pelo
aportuguesamento de uma palavra oriunda de outra língua.
c) jargão profissional, ao evocar a linguagem
de uma área específica do conhecimento humano.
d) arcaísmo, ao representar termos usados em
outros períodos da história da língua.
e) estrangeirismo, que significa a inserção de
termos de outras comunidades linguísticas no português.
4.
(Enem 2010) Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela
passou por
mim?
ANTUNES, A.; BROWN, C.;
MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo
“corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo
tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e a situação emocional em
que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a)
a) estrangeirismo, uso de elementos
linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.
b) neologismo, criação de novos itens
linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em
determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais
ampla.
d) regionalismo, por ser palavra característica
de determinada área geográfica.
e) termo técnico, dado que designa elemento de
área específica de atividade.
O autor do texto
abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em
relação aos seus hábitos alimentares.
"Vocês que
têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava Ieite em garrafa, na
leiteira da esquina? (...)
Mas vocês não se
lembram de nada, pô? Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou
falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite - leite em pacote,
imagina, Tereza! - na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou
pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi
enriquecido e o escambau.
Será que isso é
mesmo leite? No dicionário diz que leite
é outra coisa: 'Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais
minerais'. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o
único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra
fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só
leite. Ou toma ou bota fora.
Esse aqui
examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do
que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse
negócio.
Depois o pessoal
ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam?
Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!"
(FERNANDES, Millôr. O Estado de S.
Paulo, 22 de agosto de 1999)
5. (Enem 2000) A palavra embromatologia usada
pelo autor é:
a) um termo científico que significa estudo dos
bromatos.
b) uma composição do termo de gíria
"embromação" (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos
alimentos.
c) uma junção do termo de gíria
"embromação" (enganação) com lactologia, que é o estudo das
embalagens para leite.
d) um neologismo da química orgânica que
significa a técnica de retirar bromatos dos laticínios.
e) uma corruptela de termo da agropecuária que
significa a ordenha mecânica.
Nosso
pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Essa
invenção é uma espécie de vício de arquitetura, pois não há infinito sem linha
do horizonte. A verdade é que a vida tem fome de fronteiras. Porque essas
fronteiras da natureza não servem apenas para fechar. Todas as membranas
orgânicas são entidades vivas e permeáveis. São fronteiras feitas para, ao mesmo
tempo, delimitar e negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-se por turnos.
Um dos casos
mais notáveis na construção de fronteiras acontece no mundo das aves. É o caso
do nosso tucano, o tucano africano, que fabrica o ninho a partir do oco de uma
árvore. Nesse vão, a fêmea se empareda literalmente, erguendo, ela e o macho,
um tapume de barro. Essa parede tem apenas um pequeno orifício, ele é a única
janela aberta sobre o mundo. Naquele cárcere escuro, a fêmea arranca as
próprias penas para preparar o ninho das futuras crias. Se quisesse desistir da
empreitada, ela morreria, sem possibilidade de voar. Mesmo neste caso de
consentida clausura, a divisória foi inventada para ser negada.
Mas o que
aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi um buraco. Erguemos
paredes inteiras como se fôssemos tucanos cegos. De um e do outro lado há
sempre algo que morre, truncado do seu lado gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos
do Outro e do Estranho como se fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo
da mudança, medo da desordem, medo da complexidade. Precisamos de modelos para
entender o universo (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), que foi
construído em permanente mudança, no meio do caos e do imprevisível.
MIA COUTO. Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.
6. (Uerj 2017) Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um
pluriverso ou um multiverso), (ref. 7)
Nesse trecho, o
conteúdo entre parênteses propõe uma reformulação da palavra universo,
em função da argumentação feita pelo autor.
Essa reformulação
explora o seguinte recurso:
a) contraste de morfemas de sentidos distintos
b) citação de neologismos de valor polissêmico
c) comparação de conceitos relacionados ao tema
d) enumeração de sinônimos possíveis no
contexto
- UAI, EU?
1 Se
o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De como
aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'água. No engano sem desengano: o
de aprender prático o desfeitio da vida.
2 Sorte?
A gente vai - nos passos da história que vem. Quem quer viver faz mágica. Ainda
mais eu, que sempre fui arrimo de pai bêbado. Só que isso se deu, o que quando,
deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah,
meus bons maus-tempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Mimoso.
3
Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama - olh'alegre, justo, inteligentudo
- de calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor, lençol
e colcha, bom mesmo quando com dor-de-cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando
chefe os solertes preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro. Muito
mediante fortes cálculos, imaginado de ladino, só se diga. A fim de comigo
ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no
quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela - prontos para
qualquer aurora.
(ROSA, João Guimarães. Tutameia: terceiras estórias. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)
7.
(Uerj 2000) A obra de Guimarães Rosa, citado como grande
renovador da expressão literária, é também reconhecida pela contribuição
linguística, devido à utilização de termos regionais, palavras novas,
não-dicionarizadas, o que chamamos NEOLOGISMOS, especialmente para expressar
situações ou opiniões de seus personagens.
a) Retire do primeiro parágrafo um exemplo
de neologismo e explique, em uma frase completa, o seu sentido no texto.
b) Compare o adjetivo
"inteligentudo" (par. 2) com "barbudo",
"barrigudo", "sortudo".
Escreva duas formas da língua padrão - a primeira com duas palavras; a
segunda com uma palavra - que equivalem semanticamente ao neologismo
"inteligentudo".
CORDÕES
Oh! abre ala! / Que
eu quero passá
A
rua convulsionava-se como se fosse fender, rebentar de luxúria e de barulho. A
atmosfera pesava como chumbo. No alto, arcos de gás besuntavam de uma luz de
açafrão as fachadas dos prédios. Nos estabelecimentos comerciais, nas redações
dos jornais, as lâmpadas elétricas despejavam sobre a multidão uma luz ácida e
galvânica, que 2enlividescia e parecia convulsionar os movimentos da
turba, sob o panejamento multicolor das bandeiras que adejavam sob o esfarelar
constante dos "confetti", que, como um irisamento do ar, caíam,
voavam, rodopiavam. (...) Serpentinas riscavam o ar; homens passavam empapados
d'água, cheios de confetti; mulheres de chapéu de papel curvavam as nucas à
etila dos lança-perfumes, frases rugiam cabeludas, entre gargalhadas, risos,
berros, uivos, guinchos. Um cheiro estranho, misto de perfume barato, poeira,
álcool, aquecia ainda mais o baixo instinto de promiscuidade. A rua
personalizava-se, tornava-se uma e parecia, toda ela policromada de serpentinas
e confetti, arlequinar o pincho da loucura e do deboche. Nós íamos indo, eu e o
meu amigo, nesse 1pandemônio. Atrás de nós, sem colarinho, de
pijama, bufando, um grupo de rapazes acadêmicos, futuros diplomatas e futuras
glórias nacionais, berrava furioso a cantiga do dia, essas cantigas que só
aparecem no Carnaval: Há duas coisa/ Que me faz chorá/ É nó nas tripa /E
bataião navá!
RIO, João do. A ALMA
ENCANTADORA DAS RUAS. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
8.
(Uerj 1999) Observe a formação dos seguintes vocábulos
do texto:
"panejamento" (derivado de
"pano"), "irisamento" (derivado de "íris"),
"arlequinar" (derivado de "arlequim") e
"pandemônio" (composto de pan + demônio), neologismo criado por
Milton, poeta inglês do século XVII, no seu livro O PARAÍSO PERDIDO, para
designar o palácio de Satã.
A partir desses exemplos, explique, em até
duas frases completas:
a) o emprego conotativo da palavra
"pandemônio" ( ref. 1) e indique o sentido do morfema
"pan-";
b) como se forma o vocábulo
"enlividescia" ( ref. 2) e qual a sua classificação quanto ao processo
de formação.
O FUTURO
ERA LINDO
2Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se
tornariam tão concentrados em megahipercorporações norte-americanas como o
Google, que iriam destruir para sempre tantas indústrias e atividades em tão
pouco tempo. Ninguém previu que os mesmos Estados Unidos, graças às maravilhas
da internet sempre tão aberta e juvenil, se consolidariam como os maiores
espiões do mundo, humilhando potências como a Alemanha e também o Brasil, impondo
os métodos de sua inteligência militar sobre a população mundial, e guiando ao
arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez em matemática mas ignorantes
completos em matéria de ética, política e em boas maneiras.
Marion Strecker. Adaptado de Folha de São Paulo, 29/07/2014.
09. (Uerj 2016) O termo megahipercorporações é formado por um processo que
enfatiza o tamanho e o poder das corporações econômicas atuais. Essa ênfase é
produzida pelo emprego de:
a) sufixos de caráter aumentativo
Um certo Miguilim
morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da
Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em
ponto remoto, no Mutum. No meio dos Campos Gerais, mas num 1covoão em trecho de matas, terra preta, pé de serra. Mas
sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de
ter de viver ali.
Quando voltou
para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o
que o homem tinha falado – que o Mutum era lugar bonito... A mãe, quando
ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e
a ideia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o
febril até nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na
presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que pôde estar
com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela
revelação.
GUIMARÃES ROSA. Manuelzão
e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
ref. 1: covoão – baixada
estreita e profunda
10.
(Uerj 2009) Guimarães Rosa se caracteriza pela linguagem
instigante que encanta e desconcerta, permitindo ao leitor familiarizar-se com
o potencial criativo da Língua Portuguesa. Observe o fragmento do texto:
“Tão grave, grande, que nem o quis dizer à
mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar;”
Aponte o significado do prefixo da palavra
sublinhada e explicite, em uma frase completa, o sentido dessa palavra.
PALAVRAS
"Veio me dizer que eu desestruturo a
linguagem. Eu desestruturo a linguagem? Vejamos: eu estou bem sentado num
lugar. Vem uma palavra e tira o lugar de debaixo de mim. Tira o lugar em que eu
estava sentado. Eu não fazia nada para que a palavra me desalojasse daquele
lugar. E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém. Ao retirar de debaixo de mim
o lugar, eu desaprumei. Ali só havia um grilo com a sua flauta de couro. O
grilo feridava o silêncio. Os moradores do lugar se queixavam do grilo. Veio
uma palavra e retirou o grilo da flauta. Agora eu pergunto: quem desestruturou
a linguagem? Fui eu ou foram as palavras? E o lugar que retiraram de debaixo de
mim? Não era para terem retirado a mim do lugar? Foram as palavras pois que
desestruturaram a linguagem. E não eu."
(BARROS,
Manoel de. Ensaios fotográficos. Rio
de Janeiro: Record, 2000.)
11.
(Uerj 2001) O prefixo "des" aparece seis vezes
no poema: "desestruturo", "desestruturo",
"desalojasse" "desaprumei", "desestruturou",
"desestruturaram". Reforça-se,
assim, a noção de que a poesia mais desestabiliza significados cristalizados e
cria novos do que comunica alguma mensagem do poeta para o leitor.
A frase de Manoel de Barros que melhor
exemplifica essa desestabilização é:
a) "E eu nem atrapalhava a passagem de
ninguém!"
09. B