A mesóclise é um tipo de colocação pronominal raro no uso coloquial da língua portuguesa. No entanto, ainda é encontrada em contextos mais formais, como se observa em:
a) Não lhe negou que era um improviso.
b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas.
c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance.
d) Referia-se à D. Evarista ou tê-la-ia encontrado em
algum outro autor?
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao serviço imediatamente.
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao serviço imediatamente.
2. (Enem 2011)
O humor
da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome
pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da
língua, esse uso é inadequado, pois
a) contraria o uso previsto para o registro oral da
língua.
b) contraria a marcação das funções sintáticas de
sujeito e objeto.
c) gera inadequação na concordância com o verbo.
d) gera ambiguidade na leitura do texto.
e) apresenta dupla marcação de sujeito.
3. (Uerj 2012)
Ele está cansado, é quase meia-noite, e pode afinal voltar para casa.
(...). No edifício da esquina, o mesmo cachorro de focinho enterrado na lata de
lixo. Ao passar sob as árvores, ao menor arrepio do vento, gotas borrifam-lhe o
rosto, que ele não se incomoda de enxugar.
Ao mexer no portão, o cachorrinho late duas vezes – estou aqui, meu
velho – e, 1por mais que saltite ao seu lado, procurando
alcançar-lhe a mão, ele não o agrada. (...)
Prevenido, desvia-se do aquário sobre o piano: o peixinho dourado
conhece os seus passos e de puro exibicionismo entrega-se às mais loucas
evoluções.
Ele respira fundo e, cabisbaixo, entra no quarto. 2A mulher,
sentada na cama, a folhear sempre uma revista (é a mesma revista antiga), olha
para ele, mas ele não a olha.
No banheiro, veste em surdina o pijama e, ao lavar as mãos, recolhe da
pia os longos cabelos alheios. Escova de leve os dentes, sem evitar que sangrem
as gengivas.
DALTON TREVISAN. A guerra conjugal.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
Nos
trechos transcritos a seguir, estão sublinhados dois verbos que podem ser
usados com variação da regência: transitivo direto ou transitivo indireto. A
variação da regência altera o sentido do verbo “agradar”: fazer agrados ou ser
agradável. Já o verbo “olhar” expressa o mesmo sentido nos dois casos.
por mais que saltite ao seu lado, procurando alcançar-lhe a mão, ele não
o agrada. (ref.1)
A mulher, sentada na cama, (...) olha para ele,
mas ele não a olha. (ref. 2)
Identifique,
no primeiro trecho, a regência do verbo “agradar” e o sentido em que ele foi
empregado.
Em
seguida, reescreva o segundo trecho, variando a regência do verbo “olhar” em
cada ocorrência.
Diálogo da relativa grandeza
Sentado no monte de lenha, as pernas abertas, os
cotovelos nos joelhos, Doril examinava um louva-deus pousado nas costas da mão.
Entretido com o louva-deus, Doril não viu Diana chegar comendo um marmelo,
fruta azeda enjoada que só serve para ranger os dentes.
Era difícil tapar a boca de Diana, ô menina renitente. Ele preferiu
continuar olhando o louva-deus. Soprou-o de leve, ele encolheu-se e vergou o
corpo para o lado do sopro, como faz uma pessoa na ventania. O louva-deus
estava no meio de uma tempestade de vento, dessas que derrubam árvores e
arrancam telhados e podem até levantar uma pessoa do chão. Doril era a força
que mandava a tempestade e que podia pará-la quando quisesse. Então ele era
Deus? Será que as nossas tempestades também são brincadeira? Será que quem
manda elas olha para nós como Doril estava olhando para o louva-deus? Será que
somos pequenos para ele como um gafanhoto é pequeno para nós, ou menores ainda?
De que tamanho, comparando – do de formiga? De piolho de galinha? Qual será o
nosso tamanho mesmo, verdadeiro?
José J. Veiga. A máquina extraviada.
Rio de Janeiro: Editora Prelo, 1968.
Observe que, nos fragmentos abaixo, os
pronomes o e elas desempenham a mesma função
sintática: objeto direto.
a) Soprou-o de leve, ele encolheu-se e vergou o corpo para o
lado do sopro, como faz uma pessoa na ventania.
b) Será que quem manda elas olha para nós como Doril estava olhando
para o louva-deus?
Explique
a diferença de formas entre os pronomes, com base na diversidade de usos da
língua.
Reescreva
integralmente cada construção sublinhada, de modo que o item a passe a ter a forma característica de
b, e b passe a ter a forma característica de a.
5. (Fgv 2017)
Duzentos dos que gozam da mesma cidadania que ela e
quase o mesmo número dos que gozam da mesma que eu figuram entre os oitocentos
mortos no naufrágio de 18 de abril de 2015 na costa da Sicília. Muitos são
aqueles de quem já não se fala mais, aqueles dos quais nunca se falará, jogados
nas fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.
Seu filho único, um dia, partiu para a Europa com
89 outros jovens de Thiaroye (Senegal) a bordo de uma embarcação que o mar
engoliu. Nós nos encontramos porque, no meu país, outras mães de migrantes
desaparecidos que não querem esquecer nem baixar os braços me interpelaram:
“Não vimos de novo nossos filhos nem vivos nem mortos. O mar os matou. Por
quê?” Elas também não sabiam nada sobre esse mar assassino, já que nosso país
não tem litoral.
Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste
profundo momento de acolhimento e de partilha que foi o “Círculo do Silêncio”
que organizamos juntas no Fórum Social Mundial (FSM) de Dacar, em fevereiro de
2011.
Aminata D. Traoré. “São nossas
crianças”. Em: Le Monde Diplomatique Brasil, setembro de 2016. Adaptado.
Observe a colocação dos pronomes
destacados nas passagens:
- “Muitos são aqueles de quem já não se fala mais, aqueles dos
quais nunca se falará, jogados nas fossas comuns que se tornaram
o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.” (1º parágrafo)
- “Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste profundo
momento de acolhimento e de partilha…” (último parágrafo)
Comente,
segundo os princípios da norma-padrão, a colocação desses pronomes nos
respectivos contextos.
6. (Pucrj
2017)
Os filósofos chineses viam a realidade, a cuja essência primária
chamaram tao, como um processo de contínuo fluxo e mudança. Na concepção
chinesa, todas as manifestações do tao são geradas pela interação
dinâmica desses dois polos arquetípicos, os quais estão associados a numerosas
imagens de opostos colhidas na natureza e na vida social. É importante, e muito
difícil para nós, ocidentais, entender que esses opostos não pertencem a
diferentes categorias, mas são polos extremos de um único todo. Nada é apenas yin ou apenas yang. Todos os fenômenos naturais são
manifestações de uma contínua oscilação entre os dois polos; todas as
transições ocorrem gradualmente e numa progressão ininterrupta. A ordem natural
é de equilíbrio dinâmico entre o yin
e o yang.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação.
São Paulo: Editora Cultrix. 1982. Tradução de Álvaro Cabral, pp. 32-33.
Reescreva o trecho “Os opostos não pertencem a diferentes categorias.”,
substituindo o verbo “pertencer” por “derivar”. Faça as modificações
necessárias.
7. (Pucrj 2016)
Ética
A palavra “ética” vem do grego ethos, tal
como “moral” vem do latim mores. Sintomaticamente, tanto ethos como
mores significam costumes.
De acordo com essa significação original, as normas
de conduta e a definição do que era certo e do que era errado eram impostas aos
indivíduos pela comunidade, e os indivíduos as aceitavam (tendiam a concordar
com o castigo, quando as infringiam).
Desse modo, podemos dizer que, num tempo muito
antigo, os seres humanos já conheciam valores. E podemos dizer mais: esses
valores, embutidos nas normas de conduta, eram inculcados nos indivíduos pelo
grupo. A comunidade precedia a individualidade.
Texto modificado de KONDER, Leandro. Ética. In:
YUNES, Eliana & BINGEMER, M. Clara Lucchetti. Virtudes. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São
Paulo: Loyola, 2001. pp. 86-87.
Comente as mudanças estruturais e semânticas
decorrentes do emprego das preposições nas frases abaixo:
Consciência
e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
Consciência
e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética.
8. (Pucrj 2014)
Numa versão apócrifa da Odisseia, Lion
Feuchtwanger propôs que os marinheiros enfeitiçados por Circe e transformados
em porcos gostaram de sua nova condição e resistiram desesperadamente aos
esforços de Ulisses para quebrar o encanto e trazê-los de volta à forma humana.
Quando informados por Ulisses de que ele tinha encontrado as ervas mágicas
capazes de desfazer a maldição e de que logo seriam humanos novamente, fugiram
numa velocidade que seu zeloso salvador não pôde acompanhar.
Texto adaptado de BAUMAN, Zygmunt. Modernidade
líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2001. p.25.
Reescreva a frase a seguir,
substituindo gostar por conformar-se e esforços
por batalha.
"Os marinheiros transformados em porcos
gostaram de sua nova condição e resistiram desesperadamente aos esforços de
Ulisses para quebrar o encanto de Circe."
______________________________________________
GABARITO
01. D
02. B
03. No primeiro trecho, o verbo "agradar" é transitivo direto e traz o sentido de fazer carícias.
A mulher, sentada na cama, o olha, mas ele não olha para ela.
04. Na letra a), o uso do pronome átono após o verbo (ênclise) está de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Na letra b), há um uso informal/coloquial da linguagem, pois é utilizado um pronome pessoal do caso reto como objeto direto do verbo "mandar", o que não é recomendado pela norma padrão.
Soprou ele de leve.
Será que quem as manda.
05. No primeiro trecho, todos os casos de próclise estão de acordo com a norma padrão da língua portuguesa por conter, antes dos verbos, fatores de próclise (palavras negativas e pronome relativo). No segundo trecho, há um uso informal da linguagem, visto que, segundo a norma padrão, não se deve iniciar orações com pronome oblíquo, sendo obrigatória a ênclise nesses casos.
06. Os opostos não derivam de diferentes categorias.
07. Na primeira frase, "da vida ética" exerce a função sintática de adjunto adnominal e traz o sentido de pertencimento. Já na segunda frase, "à vida ética" exerce a função de complemento nominal e traz o sentido de alvo.
08. Os marinheiros transformados em porcos conformaram-se com sua nova condição e resistiram desesperadamente à batalha de Ulisses para quebrar o encanto de Circe.
______________________________________________
GABARITO
01. D
02. B
03. No primeiro trecho, o verbo "agradar" é transitivo direto e traz o sentido de fazer carícias.
A mulher, sentada na cama, o olha, mas ele não olha para ela.
04. Na letra a), o uso do pronome átono após o verbo (ênclise) está de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Na letra b), há um uso informal/coloquial da linguagem, pois é utilizado um pronome pessoal do caso reto como objeto direto do verbo "mandar", o que não é recomendado pela norma padrão.
Soprou ele de leve.
Será que quem as manda.
05. No primeiro trecho, todos os casos de próclise estão de acordo com a norma padrão da língua portuguesa por conter, antes dos verbos, fatores de próclise (palavras negativas e pronome relativo). No segundo trecho, há um uso informal da linguagem, visto que, segundo a norma padrão, não se deve iniciar orações com pronome oblíquo, sendo obrigatória a ênclise nesses casos.
06. Os opostos não derivam de diferentes categorias.
07. Na primeira frase, "da vida ética" exerce a função sintática de adjunto adnominal e traz o sentido de pertencimento. Já na segunda frase, "à vida ética" exerce a função de complemento nominal e traz o sentido de alvo.
08. Os marinheiros transformados em porcos conformaram-se com sua nova condição e resistiram desesperadamente à batalha de Ulisses para quebrar o encanto de Circe.
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