Notícias de Gotham
City
Imagino que todos tenham tido notícia do fato. No
início de junho, ocorreu no Parque da Redenção, em Porto Alegre, outra jornada
da Serenata Iluminada. A atividade é organizada via redes sociais e reúne
milhares de jovens dispostos a ocupar os espaços públicos para garantir sua
condição pública. No caso da Redenção, os manifestantes se opõem à proposta do
cercamento que vem sendo cogitada há anos. Nas serenatas, 1levam
velas, lanternas, violões, se divertem, debatem e se manifestam pacificamente.
Em um contexto de confiança-colaboração, as polícias se tornam muito
mais eficientes e as taxas de impunidade caem significativamente. Já quando as
pessoas não 3confiam nas polícias, elas deixam de registrar
ocorrências, param de solicitar proteção e se recusam a colaborar.
A criminologia moderna acumulou 4toneladas
de evidências a respeito das dinâmicas criminais que seguem desconsideradas no
Brasil. Adultos, entretanto, deveriam saber que as pessoas não são, em si
mesmas, boas ou más, mas boas e más; que todos possuímos qualidades e defeitos;
Conceber que os milhares de jovens que se reuniam na Redenção naquela noite não
eram “pessoas de bem” 2seria apenas ridículo, não estivéssemos
falando de alguém 5a quem se confiou a responsabilidade de proteger
pessoas, sem adjetivos.
(ROLIM, Marcos. Notícias
de Gotham City. Disponível em: http://www.extraclasse.org.br. Adaptado.)
1. (Upf 2016) A única alternativa em que o elemento sublinhado não corresponde
ao complemento verbal, no contexto em que aparece, é:
a) “levam velas”
(ref. 1).
b) “seria apenas
ridículo” (ref. 2).
c) “confiam nas
polícias” (ref. 3).
d) “acumulou toneladas
de evidências” (ref. 4).
e) “a quem se
confiou” (ref. 5).
2. (Espcex 2014) Assinale a alternativa que contém um complemento verbal pleonástico.
a) Assistimos à missa
e à festa.
b) As moedas, ele as
trazia no fundo do bolso.
c) Deste modo,
prejudicas-te e a ela.
d) Atentou contra a
própria vida e dos passageiros.
e) Técnica e
habilidade sobram-lhe e aos adversários.
3. (Ibmecsp 2009) Da leitura da tira é possível depreender que:
a) Considerando-se a
regência do verbo "combater", pode-se constatar que, na verdade, não
é possível empregar a crase.
b) Há, na última
fala, a clara intenção de apresentar um jogo de palavras, fazendo um trocadilho
com as palavras "crase" e "crise".
c) Não ocorrerá crase
apenas se o verbo "combater" for empregado como intransitivo, ou
seja, se ele não exigir complemento verbal.
d) Haverá crase se a
"sombra" representar o modo como será combatido, isto é, com função
de adjunto adverbial.
e) A última fala é
uma explicação de que, nesse caso, a crase é facultativa, preservando-se o
mesmo sentido.
4. (G1 - ifal 2018) Considerando que o verbo estar pode ser interpretado como sendo verbo
de ligação, se indica apenas um estado, ou verbo intransitivo, se a
estada em determinado local, assinale a opção em que, no par de sentenças, o
verbo estar seja verbo de ligação na primeira sentença e verbo
intransitivo na segunda.
a) Astrogildo estava
em casa. Ele estava cansado.
b) Astrogildo estava
cansado. Por isso ele estava em casa.
c) Adalgiza está
cansada. Ela está doente.
d) Publílio está em
casa. Ele está em Maceió.
e) Epafrodito está no
sítio do tio. Ele está em Rio Largo.
Marte é o Futuro
O pouso na Lua não
foi só o ápice da corrida espacial. Foi também o passo inicial do
turbocapitalismo que dominaria as três décadas seguintes. Dependente, porém, de
matérias-primas do século 19: aço, carvão, óleo. 5Lançar-se ao
espaço implicava algum reconhecimento dos limites da Terra. Ela era azul, mas
finita. Com o império da tecnociência, ascendeu também sua nêmese, o movimento
ambiental. Fixar Marte como objetivo para dentro de 20 ou 30 anos, hoje, parece
2tão louco quanto chegar à Lua em dez, como determinou John F.
Kennedy. 6Não há um imperialismo visionário como ele à vista, e isso
é bom. 7A ISS (estação espacial internacional) representa a prova
viva de que certas metas só podem ser alcançadas pela humanidade como um todo,
não por 1nações forjadas no tempo das caravelas. 8Marte é
o futuro da humanidade. 9Ele nos fornecerá a experiência vívida e a
imagem perturbadora de um planeta devastado, inabitável. Destino certo da Terra
em vários milhões de anos. 3Ou, mais provável, em poucas décadas, 4se
prosseguir o saque a descoberto da energia fóssil pelo hipercapitalismo
globalizado, inflando a bolha ambiental.
(Adaptado de: LEITE, M. Caderno Mais!. Folha de São Paulo. São Paulo, domingo, 26 jul. 2009. p. 3.)
5. (Uel 2010) Quanto à predicação verbal, é correto afirmar:
a) Em “Lançar-se ao
espaço implicava algum reconhecimento” (ref. 5), o verbo implicar, nesse
contexto, é um verbo transitivo direto, por isso seu complemento não exige
preposição.
b) Em “Não há um
imperialismo visionário como ele à vista” (ref. 6), o verbo haver é considerado
um verbo de ligação, pois estabelece relação entre sujeito e seu predicativo.
c) Em “A ISS (estação
espacial internacional) representa a prova viva” (ref. 7), o verbo representar
é intransitivo, portanto, não necessita complemento.
d) Em “Marte é o
futuro da humanidade” (ref. 8), o verbo ser é classificado como verbo
transitivo direto e indireto, ou seja, possui um complemento precedido de
preposição e outro não.
e) Em “Ele nos
fornecerá a experiência vívida e a imagem” (ref. 9), o verbo fornecer é
classificado como verbo defectivo, pois não apresenta a conjugação completa.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Gato gato gato
Familiar aos cacos de vidro inofensivos, o gato
caminhava molengamente por cima do muro. O menino ia erguer-se, apanhar um
graveto, respirar o hálito fresco do porão. Sua úmida penumbra. Mas a presença
do gato. O gato, que parou indeciso, o rabo na pachorra de uma quase
interrogação.
O pelo do gato para alisar. Limpinho, o quente
contato da mão no dorso, corcoveante e nodoso à carícia. O lânguido sono de morfinômano.
O marzinho de leite no pires e a língua secreta, ágil. A ninhada de gatos, os
trêmulos filhotes de olhos cerrados. O novelo, a bola de papel – o menino e o
gato brincando. Gato lúdico. O gatorro, mais felino do que o cachorro é canino.
Gato persa, gatochim – o espirro do gato de olhos orientais. Gato de botas, as
aristocráticas pantufas do gato. A manha do gato, gatimanha: teve um gata miolenta
em segredo chamada Alemanha.
1Em cima do muro, o gato recebeu o aviso da presença
do menino. Ondulou de mansinho alguns passos denunciados apenas na branda
alavanca das ancas. Passos irreais, em cima do muro eriçado de cacos de vidro.
E o menino songa-monga, quietinho, conspirando no quintal, acomodado com o
silêncio de todas as coisas.
OTTO LARA RESENDE. BOSI, Alfredo. O conto
brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1975.
6. (Uerj 2014) Em cima do muro, o gato recebeu o aviso da presença do menino. (ref. 1)
O adjunto
adverbial que ocorre neste enunciado pode ser deslocado para outras posições;
em uma delas, porém, a frase se tornará ambígua.
Reescreva o
enunciado duas vezes com o deslocamento do adjunto, de modo a manter o sentido
original em uma e a criar ambiguidade em outra. Aponte, também, a construção
ambígua e explique-a.
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7. (Pucrj 2013)
Apesar de
consideradas pela crítica, durante muito tempo, uma manifestação menor da
literatura, as narrativas de viagem viveram momentos de glória no passado.
Inúmeros escritores se dedicaram ao gênero, e eram muitos os leitores
aficionados pelos relatos de aventuras. Na forma de diários, memórias ou
simplesmente impressões de viagens, os textos surgiam aos borbotões, nos
séculos XVIII e XIX, ora inspirados pelo Velho, ora pelo Novo Mundo,
expressando sempre o olhar fascinado, a curiosidade e o desejo do viajante de
deixar registrada a sua experiência, que ele julgava ímpar.
DUARTE,
Constância Lima; MUZZART, Zahidé Lupinacci. 2008.
a) A
diferença de sentido entre as frases abaixo é decorrente da posição do adjunto
adverbial “durante muito tempo”. Justifique essa afirmativa,
explicitando a diferença.
i. “Apesar
de consideradas pela crítica, durante muito tempo, uma manifestação menor da
literatura, as narrativas de viagem viveram momentos de glória no passado.”
ii. Apesar
de consideradas pela crítica uma manifestação menor da literatura, as
narrativas de viagem, durante muito tempo, viveram momentos de glória no
passado.
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A escravidão levou consigo ofícios e
aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais.
Há meio século, os escravos fugiam com
frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente
apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era
apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono
não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque
dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que
raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a
correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas
ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora,
quitandando.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum
dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais
do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde
andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa:
“gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez
o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço,
correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da
lei contra quem o acoitasse.
(Contos: uma antologia, 1998.)
8. (Unesp 2018) “Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse.”
(3º parágrafo). Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo
que pede
a) apenas objeto
direto, representado pelo vocábulo “lho”.
b) objeto direto e
objeto indireto, ambos representados pelo vocábulo “lho”.
c) objeto direto,
representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto indireto, representado pelo
vocábulo “lho”.
d) apenas objeto
indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
e) objeto direto,
representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto indireto, representado pelo
vocábulo “quem”.
9. (Espcex (Aman) 2016) Assinale a oração em que o termo ou expressão grifados exerce a função
de Objeto Indireto.
a) Cumprimentei-as
respeitosamente.
b) Perderam-na
para sempre.
c) Amava mais a ele
que aos outros.
d) Eu culpo a tudo e a
todos.
e) Obedeceu-lhe
prontamente.
É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo
procurar por que está doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me
adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes.
Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar
dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais.
Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja
sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for
sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o
terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente
nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais –
vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a
esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por
Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos
enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o
que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir
na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama
viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver.
(Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.)
10. (Unifesp 2016) “Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte
e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não
nos matem.” (2º parágrafo) Os termos “a esse” e “nos” constituem,
respectivamente,
a) objeto indireto e
objeto direto.
b) objeto indireto e
objeto indireto.
c) objeto direto
preposicionado e objeto direto.
d) objeto direto
preposicionado e objeto indireto.
e) objeto
direto e objeto indireto.
_______________________________________
GABARITO
_______________________________________
GABARITO
01.
B
02.
B
03.
D
04.
B
05.
A
06.
O gato recebeu o aviso da
presença do menino em cima do muro. Com este
deslocamento do adjunto adverbial, tem-se a impressão de que o menino também
está em cima do muro, gerando a ambiguidade exigida pela questão.
O gato recebeu, em cima do muro, o aviso da presença do menino. Com este deslocamento não temos mudança no sentido da oração.
07.
Em i, o adjunto adverbial
incide sobre o verbo considerar e, em ii, modifica o verbo viver.
08.
B
09.
E
10.
C
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