É inegável a importância de se usar a norma padrão da Língua Portuguesa em contextos formais. No entanto, se feito de forma exagerada, seu uso pode parecer apenas uma busca por puritanismos linguísticos que já não existem mais em nosso idioma.
Para debater essa temática, os alunos Pedro Martelleto e Victor Terra, do Colégio Teresiano, criaram o texto a seguir, com diversas referências e correlações.
Boa leitura!
Exagero Formal
Exagero Formal
A
Revolução Francesa gerou vários desdobramentos na história que afetam o mundo
até hoje. Em particular, o estudo formal das línguas passou a ser introduzido
nas diferentes sociedades europeias. Após tal movimento, percebeu-se o
surgimento de uma nova manifestação literária: o romantismo. Junto dela, um
processo de escolarização, com destaque ao estudo das línguas, começou a ser
difundido, inicialmente, pela Europa. Não tardou muito para que os ideais
românticos chegassem ao Brasil, lugar esse que sofreu grande influência tanto
da cultura portuguesa quanto da língua lusitana. Contudo, a era contemporânea
trouxe consigo diversas reflexões sobre o quanto os brasileiros devem se ater
aos detalhes da escrita portuguesa.
A partir dessas ponderações,
dois principais pontos de vista ganharam destaque. De um lado, encontram-se
aqueles que defendem atrozmente o uso da norma culta da língua portuguesa não
só ao longo da escrita formal, mas também durante a fala. Ao mesmo tempo,
existem os que defendem a língua sem arcaísmos, ou seja, sem construções
frasais mirabolantes, e, principalmente, sem caracterizar a norma culta como
aquilo que é perfeito e incontestável.
Os
primeiros acreditam que, pelo fato de a língua dos brasileiros derivar da
língua dos portugueses, ela deveria ser um cópia exata da mesma. Logo, em sua
interpretação, mesóclises e ênclises deveriam ser usadas sempre que a norma
padrão - criada há séculos - demandar. Entretanto, é de suma importância
lembrar que o idioma não é um objeto estático, isto é, inevitavelmente
transforma-se ao longo do tempo. A língua é a “contribuição milionária de todos
os erros”, como disse o escritor brasileiro Oswald de Andrade em 2001.
Já
por parte daqueles que são a favor da língua sem arcaísmos, é defendida uma
visão mais relativista em termos culturais. Assim, segundo tal grupo, deve ser
considerado que, devido à discrepância entre o povo brasileiro e o português,
torna-se necessário adaptar a língua tupiniquim a um “estilo próprio”. Como já
dizia Manuel Bandeira, é preciso ter “a coragem de falar e escrever errado”. Em
outras palavras, não há motivo para se escrever de uma forma diferente da qual
se utiliza para a fala do cotidiano. De acordo com esse grupo, a erudição
deveria dar lugar à forma natural e neológica da língua.
Devido
ao fato de a língua estar sempre se alterando, é inevitável que novas
expressões e estruturas gramaticais surjam. Logo, evidencia-se a necessidade de
sistematizar e estudar a língua aceitando imprecisões, sem que a norma culta
suprima o seu poder de dinamização e com o cuidado para se manter a estrutura
lógica da mesma. Devemos ter, portanto, a percepção de que algo arcaico, muitas
vezes, é naturalmente substituído por uma nova expressão ou por um novo modo de
se formular certo período.
O texto acima foi criado por Pedro Martelleto e Victor Terra, alunos do Colégio Teresiano (2ª série do Ensino Médio)
Nenhum comentário:
Postar um comentário