Marchinhas politicamente incorretas estão na mira dos blocos do Rio
Frederico
Goulart
Entre as canções censuradas estão hinos como "O
teu cabelo não nega", "Cabeleira do Zezé" e "Maria
Sapatão". A polêmica divide opiniões: há quem defenda o caráter
democrático da festa, já os críticos, dizem que as músicas ofensivas não devem
fazer parte de uma manifestação popular.
Foi das mãos do compositor Lamartine Babo que, em
1932, nasceu um dos hinos do carnaval brasileiro. Hoje, 84 depois, "O teu
cabelo não nega", encontra-se no centro de uma polêmica que agita o
carnaval de Rua do Rio: afinal, qual deve ser o espaço das letras politicamente
incorretas na festa? Há quem defenda uma lista de canções proibidas, na qual
também estariam marchinhas como "Cabeleira do Zezé" e "Maria
Sapatão".
Algumas dessas músicas já estão fora do repertório
do Bloco Mulheres Rodadas - que surgiu do movimento feminista. Uma das
componentes do grupo, Renata Rodrigues diz que o corte de determinadas letras
acontece após discussões internas. Ela defende que letras ofensivas não devem
ter espaço em uma manifestação popular.
O veto às marchinhas de letras polêmicas está
longe de ser um consenso, até mesmo entre os componentes de cada bloco. No Céu
na Terra, tradicional grupo carnavalesco do Rio, a decisão de retirar "O
teu cabelo não nega" do repertório não agradou a todos, como explica o
diretor Péricles Monteiro.
Na visão de Rodrigo Rezende, presidente da Liga
Carnavalesca Amigos do Zé Pereira - organização que reúne alguns dos principais
blocos da cidade -, a discussão é importante. Mas não se pode perder de vista o
caráter democrático da festa.
Ricardo Cravo Albin, pesquisador e crítico musical,
não mede as palavras para criticar a censura. Para ele, cada momento tem seu
tempo, e é uma tolice a desconstrução do que foi consolidado no passado e na
alma popular. Ele defende que temas como a mulher, a cor da pele e a
homossexualidade sempre foram cantados durante o carnaval. Apagar isso seria
negar a própria história da festa.
Atirei o Pau no Gato
Atirei o pau no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu:
Miau!
Não Atire o Pau No Gato
Não atire o pau no gato (to-to)
Porque isso (Isso-Isso)
Não se faz (faz-faz)
O gatinho (nho-nho)
É nosso amigo (go-go)
Não devemos maltratar
Os Animais
Miau!
Explique por que essa cantiga foi considerada politicamente incorreta, tal como as marchinhas sinalizadas no texto de Frederico Goulart.
·
Identifique as estratégias linguísticas
utilizadas na música “Não atire o pau no gato” para que a letra original deixe
de ser politicamente incorreta.
Analisando e
reinventando marchinhas
Olha a cabeleira
do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
Olha a cabeleira
do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele é
bossa nova?
Será que ele é Maomé?
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é
Corta o cabelo
dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!
Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João
Maria Sapatão
Sapatão, Sapatão
De dia é Maria
De noite é João
O sapatão está na
moda
O mundo aplaudiu
É um barato, é um sucesso
Dentro e fora do Brasil
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
Lá no bananal mulher de branco
Levou pra pra índio colar esquisito
Índio viu presente mais bonito
Eu não quer colar! Índio quer apito!
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
O teu cabelo não
nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor
O teu cabelo não
nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor
Tens um sabor bem
do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata, mulatinha, meu amor
Fui nomeado teu tenente interventor
O teu cabelo não nega,
mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor
A pipa do vovô não
sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força
O vovô foi passado pra trás!
A pipa do vovô não
sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força
O vovô foi passado pra trás!
Ele tentou mais
uma empinadinha
A pipa não deu nenhuma subidinha
Ele tentou mais uma empinadinha
A pipa não deu nenhuma subidinha
A pipa do vovô não sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força
O vovô foi passado pra trás!
Achei muito legal! Dará um debate show mais a reescrita. Obrigada
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado! Adoro debates em sala de aula. É sempre muito enriquecedor ❤️
ExcluirSimplesmente amei a atividade, aliás, sou suspeita pra falar, pois AMO o seu cantinho e todas as suas propostas! Beijão e sucesso, querida!
ResponderExcluirObrigada pelo carinho, Andreia!! É sempre uma honra te ver por aqui! 😍
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